sábado, 31 de janeiro de 2009

assim tem sido

Hoje raiou o dia
tentei levantar da cama
mas juro que não consegui
ela me pediu pra ficar um pouco mais
e eu...
eu não resisti
se bem que daqui a pouco eu tenho
um milhão de coisas pra fazer
então sem mais delongas num pulo levantei
dei bom dia pra Deus
e te dei adeus

E assim tem sido dia a dia
essa correria urbana cinza e bege
fast-food, ternos pretos, CO2
me impediram de ver a beleza do céu
e as cores vivas do entardecer
e o pôr-do-sol alaranjado
anuncia outra noite sem você.
que tal agente parar o mundo,
se esconder um no outro e não mais
dizer adeus?

sexta-feira, 30 de janeiro de 2009

little john

A professora dava aula a seus alunos sobre as diferenças entre ricos e pobres. Aline levanta o dedo:

- Senhora, meu pai tem tudo: televisão, telescópio, DVD…

- Tudo bem - diz a professora, mas será que tem uma lancha?

Aline reflete e diz:

- Bem, não…

A professora disse:

- Está vendo, é como eu disse, não podemos ter tudo.

- Professora - disse Paulinho - meu pai tem tudo: ele tem TV, telescópio, DVD, lancha…

- Sim - responde a professora - mas será que tem um avião particular?

Depois de refletir, Paulinho responde:

- Bem, não...

- Estão vendo que não se pode ter tudo na vida - disse a professora.

Joãozinho levanta o dedo e diz:

- Meu pai, senhora, agora tem tudo, pois sábado passado,quando minha irmã apresentou seu namorado VASCAÍNO, papai disse: CARAMBA!!! ERA SÓ O QUE ME FALTAVA!

terça-feira, 27 de janeiro de 2009

cara ou coroa


por Volney Faustini – reescrito Dez. 2008

“Cara ou coroa?”, pergunta o assassino.

Pela idade da moeda, sabemos que a história se passa em 1980. O homem do lado de lá do balcão, prestes a ir para o lado de lá da vida, não imagina que tem 50% de chance de sobreviver. Mas sua sorte está lançada – não depende nem dele, nem do demônio assassino. A moeda vai ditar a sentença.

Este é um dos muitos paralelismos de “Onde os Fracos Não Têm Vez”. A vida perde sentido, pois o acaso está sempre presente. Chame-o - se quiser - de sorte e azar, pois na melhor das hipóteses as chances são meio a meio.

Os filmes, pelo menos os bons filmes – não importando se vêm de Hollywood ou de outras paragens – obrigatoriamente são obras críticas. A Arte transcende escolas, não se permitindo tomar o lugar delas. Serve como tábua de ressonância da realidade. Vai além da Filosofia, que poderíamos dizer, é a mãe de todas as escolas.

No caso dos irmãos Coen – não importa a perspectiva, se pelo conjunto de suas obras, ou se por “Onde os Fracos Não Têm Vez”, o questionamento filosófico suplanta a história e os personagens. Jorge Coli, de Ponto de Fuga (Caderno Mais! FSP), me revela que encontramos numa poesia* de William Butler Yeats a cepa do título original (“No Country for Old Men”). No entanto, há um jogo sutil no título que falta à tradução. O ‘onde’ pode ser um lugar específico, mas o ‘no Country’ é também a negação de lugar. Ou seja, na história, os velhos (e os fracos) não têm vez por não ser aqui o lugar para eles, mas também por não haver possibilidade de se viver porque no mundo não existe ‘onde’ viver. Ausência total de significado!

A diferença um pouco mais sutil, e aí já estou entrando no mérito, é que mesmo os fortes – os que assim se apresentam poderosos, indômitos e destemidos - também se tornam (com o tempo ou pelas circunstâncias) fracos e velhos, pois esta é a nossa sina. E aí voltamos à moeda – pois todos os homens têm os seus dois lados de fraco e forte, de jovem e velho.

É interessante, pois não se fez juízo de valor ou de moral. Quem é o mocinho do filme? Quem representa o lado bom? Será o xerife? Ou será o casal em sua luta por sobrevivência? E os caras do mau? São os traficantes (mesmo sendo de bandos diferentes)?

Aparentemente, os personagens em filmes pós-modernos estão isentos do mal. Ou até pior do que isso, eles carregam o mal consigo. Mas pouco importa. Não há lugar (momento) para se discutir, pois estamos fadados a morrer. Não há lugar para viver (físico), pois estamos marcados pela falta de significado. No fundo, não vivemos de fato nem de direito.

O pós-modernismo há muito adotou Nietzsche, indo além do bem e do mal. Aqui, o poder da força (perpetrado por Marques de Sade – daí vem o ‘sadismo’) e seu uso indiscriminado, sem freio nem arrependimentos. E do outro, os fracos, como zumbis - a ausência de poder os levará a morte.

Mesmo na sutil e aparente exceção, onde o demônio matador não se mostra fraco, nos parece que suas qualidades são sobre-humanas. Será ele um super homem? Será ele o Diabo?

Um psicopata, um assassino frio e cruel, uma criatura que se supera em suas próprias limitações – quer nos ferimentos à bala ou numa fratura exposta, é forte enquanto a sua velhice não chega. Passaram-se quantas décadas desde então?

Muitas moedas serão lançadas. E na chance de 50 para 50 – um dia poderá chegar a sua vez. E mesmo o forte terá a sua vez. E ser fraco será finalmente a sua sentença de morte.

- - - -

Post Scriptum

Um filme policial, retratando a violência, com pano de fundo o tráfico de drogas, a ganância - ingredientes para uma boa história. Podemos assisti-lo como pura diversão, sem perceber que há um significado na arte que retrata nosso tempo, nossa sociedade e a filosofia e valores que nos permeiam.

Precisa-se ir longe? A guerra no Iraque, o terrorismo mundial, a política suja e corrupta, os assassinos em família, a bandidagem, o uso desmedido de força pelas tropas do Bope, o traficante da esquina ...

Não, não é para se ir longe. Qual o significado que o mal tem para mim? O que representa o poder sobre outras pessoas? O fato de usá-lo, para o bem ou para o mal? E a minha vida, tem significado?

O nosso desafio é cotejar a história do filme, ‘onde os fracos não têm vez´, com a mensagem dos Evangelhos, que nos traz Jesus como Filho de Deus. Que nos apresenta a Cruz – entregue a um Deus que ama, que se fez carne e se fez fraco. Um coitado sendo levado ao matadouro, caminho de morte e de sofrimento. Mas o fez para dar significado à minha vida.

O único fraco que realmente tem vez é Jesus! A sua morte e ressurreição no fundo são sinais de força e poder. Porque passou por tudo isso em sinal de amor. Ele se fez fraco por mim, para me dar vida e com ela significado e sentido.

Volney Faustini – Autor, blogueiro e consultor de empresas com foco em Inovação e Tecnologia.
Foi o editor da Revista Kerigma, tendo atuado em diferentes ministérios de alcance nacional.
Atualmente, congrega na Igreja Batista da Água Branca.

Soneto para Obama


Ei, Mister Barack,
Não se esqueça que um dia
O senhor já morou em barraco
E em teus lombos, na labuta, o sol ardia

Pois é, senhor Hussein,
Entenda sua responsabilidade
De não só fazer o que lhe convém
Para que o peso da mesmice nos não enfade

Então, Obama,
Não esqueça que teu povo é de gana
E não troca suas fortes raízes

Pelos podres frutos de um jardim alheio
Que há tempos e desmedidamente
Inclina à morte sem receio.