quinta-feira, 16 de setembro de 2010

quinta-feira, 2 de setembro de 2010

nova-mente

faz tempo
e o vento tentou secar
vento quente esse que veio
soprou nos cantos e do meio

violento e sádico
me encarou lento e esporádico
só vi a poeira levantar
só senti a terra me beijar

de onde ouvia amores
vieram as pedras e dores
me tratou amargo como banido
e então tudo se fez zunido

e por uma semana surdei
desolado, encolhia de sequidão
e quase me joguei
como fruto limite da solidão

mas o tempo não perdoa
imparcial, me esqueço à toa
tirou o sol fustigante
trouxe o orvalho brilhante

foi sem regra,
também sem pressa
não lhe pedi, nem mereci
fui salvo, quando o ouvi

e no acaso, me choquei com seu rosto
que me encheu como o mosto
e me livrei do desgosto

e num relance, só você me inflamava
somente aquela que eu amava
era rainha da pedra e lava

nas noites a sonhar
acordando triste sem te estar
dormindo a te esperar
suportando para te alcançar

me renegando para te poder
sem previsões, sem te pré-saber
não discuto, não te enquadro
falo certo, de seguro brado

tudo isso foi só porque
eu não sei dizer
o que quer dizer
o que quero dizer...

não repare as linhas tortas
as palavras amorfas
nem as rimas sem razão

eu te amo sem preparo
porque te quero sem embargo
só você carrego em meu coração.