faz tempo
e o vento tentou secar
vento quente esse que veio
soprou nos cantos e do meio
violento e sádico
me encarou lento e esporádico
só vi a poeira levantar
só senti a terra me beijar
de onde ouvia amores
vieram as pedras e dores
me tratou amargo como banido
e então tudo se fez zunido
e por uma semana surdei
desolado, encolhia de sequidão
e quase me joguei
como fruto limite da solidão
mas o tempo não perdoa
imparcial, me esqueço à toa
tirou o sol fustigante
trouxe o orvalho brilhante
foi sem regra,
também sem pressa
não lhe pedi, nem mereci
fui salvo, quando o ouvi
e no acaso, me choquei com seu rosto
que me encheu como o mosto
e me livrei do desgosto
e num relance, só você me inflamava
somente aquela que eu amava
era rainha da pedra e lava
nas noites a sonhar
acordando triste sem te estar
dormindo a te esperar
suportando para te alcançar
me renegando para te poder
sem previsões, sem te pré-saber
não discuto, não te enquadro
falo certo, de seguro brado
tudo isso foi só porque
eu não sei dizer
o que quer dizer
o que quero dizer...
não repare as linhas tortas
as palavras amorfas
nem as rimas sem razão
eu te amo sem preparo
porque te quero sem embargo
só você carrego em meu coração.
2 comentários:
Cara, confesso, me bateu um tanto de inveja e ao mesmo tempo orgulho nesse momento. Vc tá escrevendo muito!!! Um dia eu chego lá!rsrs
"me renegando para te poder
sem previsões, sem te pré-saber
não discuto, não te enquadro
falo certo, de seguro brado"
SENSACIONAAAAAALL!!!!!
Parabéns, cara!!
é ,sem dúvida,uma sensação sem dimensões retas...
meu bem é um infinito sinestésico.
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