domingo, 13 de junho de 2010

O Sindicato dos Escravos de Cristo

Em História, um dia aprendi que podemos analisar as eras históricas como opostos. Na época medieval, por exemplo, o pensamento era Teocentrista, o sistema político e econômico era o Feudalismo, no qual as trocas comerciais eram por escambo, sem visar o lucro e o poder era descentralizado, em cada feudo. Na era moderna, surge o capitalismo (capetalismo como diria o professor adonis, rs) o pensamento se torna antropocentrista, o comércio começa a aparecer e logo se percebe a necessidade de um Estado Centralizado, no qual nossos amigos portugueses foram pioneiros (aê Nuno!! rs).
E nessa era que vivemos, a pós-modernidade, podemos observar uma sutil, ao mesmo tempo, paradoxalmente escandalosa inversão. Deus está recebendo ordens dos seus servos! Servos cansados, revoltados, reivindicam seus direitos, querem de volta tudo o que lhes pertencem, estão quase fazendo greve... fazem parte desse sindicato que disfarça suas filiais em comunidades e ministérios por todo o pais e pelo mundo. E em cuja sede, prefiro nem comentar onde se encontra.
Seu Hino máximo expressa em plenitude o caráter dos sindicalistas, com verbos no imperativo e postura altiva, há nesse uma frase que a sintetiza bem:
"Restitui, eu quero de volta o que é meu..."

E o que mais me impressiona nem é o fato dessa nova teologia ter aparecido, mas sim como ela tem sido aceita e pregada na maioria de nossas igrejas. É difícil passar uma reunião sem virarmos pro SENHOR, olharmos pra ele... e com toda autoridade, DECRETAR tudo aquilo que precisamos para ter a vida abundante que ele prometeu. Já não bastava brincar de fantoche com o rebanho - Vira pro irmão ao seu lado e diga... levante suas mãos... você é livre pra pular, então pule!... etc - agora o mandado tá sendo o Todo Poderoso.
Será que as pessoas esqueceram que quem manda é Deus? Será que esqueceram quem é o dono do universo, quem é o autor e consumador? Quem é que põe e tira os Reis de acordo com a Sua vontade?
Eugene Peterson assina um livro intitulado "A maldição do Cristo genérico". Tenho visto que vivemos um tempo de um Cristianismo genérico, onde se dá atenção demais ao cisco, e a trave... nada...
Isso não passa de uma manifestação adâmica da nossa carne (que ironia não?). Sim, é a nossa (minha tb viu gente?) velha mania de querer ter sempre o controle... de não aceitar comando superior quando este não agrada, na raiz, isso é insubmissão. Também é fruto de cristãos que não conheceram Deus como pai... que mesmo tendo sido "nascido e criado no evangelho" não experimentaram essa surpresa diária, esse preenchimento inexplicável que agente chama de vida com Deus, a qual teremos plenitude naquele dia... Por muito tempo, a igreja tem conhecido um Deus malvado, mal encarado, que te odeia, ou pelo menos não vai muito com a tua cara... e que, antes de tudo, é INJUSTO. Usando as palavras de Lutero, um Deus que "plantou a semente do pecado em nós, e que nos castiga toda vez que pecamos... esse é o nosso Justo Juiz?!" Não vou negar, esse deus se assemelha muito mais a um patrão do que a um pai, talvez por isso a criação do sindicato... a pessoas enxergam Deus como seu patrão. Tratam tudo com Deus na base da barganha. Não se aproximama dEle por medo, e quando fazem é só pela posibilidade de ganhar algo em troca. Vivem toda sua vida tentando fazer a "obra do Senhor" com aquele peso terrível de que temos uma missão, a qual, se falhar, seremos castigados. Ironicamente, a massissa maioria dessas pessoas são exatamente as que não chegam a viver o que Deus planejou pra suas vidas.
E o sindicato cresce. Ganha adeptos, cegos, as vezes até inocentes e bem intencionados discípulos. E se temos a luz, não podemos nos calar. Como uma vez Nelson Mandela disse:

"Não há nada de iluminado em encolher-se pois os outros se sentiriam inseguros ao seu redor. Nascemos para manifestar a glória do Espírito que está dentro de nós. E à medida que deixamos nossa luz brilhar, inconscientemente damos às outras pessoas a permissão para fazer o mesmo."

Fim ao Sindicato!!!

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