quinta-feira, 8 de julho de 2010

Depois de muito tempo

Quem hoje entra no Profundo no Mundo pode perceber que há muito tempo não escrevia aqui algo meu. Passei por um tempo de silêncio o qual não sei se posso identificar uma causa, só sei que passei, foi angustiante, sim, mas passei e sinto que não havia uma causa, faltava mesmo parar em frente a tela vazia e deixar as idéias fluirem. E fica a dica para você se o mesmo silêncio te aflige.

Entretando, quero tratar aqui das coisas em que estive meditando nesse tempo ausente. Tenho lido muito. E sei que foram bons livros pois sempre que os lia sentia aquela sensação de "poxa, era isso que eu pensava, mas não conseguia dizer". Entre essas coisas que não conseguia dizer, estão minhas profundas decepções com a igreja. Que quase se confundiram com decepções com Deus. Que quase me fizeram crer que era preciso de algum modo reformular muito do que leio na Bíblia para que pudesse ser vivida, ou até mesmo com o que Cristo nos deixou como ordenanças.

Foi quando percebi que tudo [salvo raros remanescentes] que nos cerca que leva o nome de igreja assim está exatamente por essa adaptação [e corrupção] da Verdade às nossas verdades. Como disse Donald Miller: eu queria fazer meus amigos entenderem que tudo o que eles criticavam na igreja, eu também discordava, pelo simples fato daquilo não ser a Igreja!

É quando os governos, os poderosos usam a religião como pretexto para determinar e justificar suas regras e ações que as coisas desandam. Você pode verificar isso facilmente com as Cruzadas, a Inquisição, Hitler... não precisa ir muito longe, aquele lugar que você vai todos os domingos seja de manhã ou a noite, ou nos dois horários... caso você não saiba, Em certo momento da História Deus permitiu aos homens que construíssem para ele um templo onde O pudessem adorar, deixando sempre claro que Ele ali não morava, a Sua casa somos nós!

Se ainda há dúvidas, Cristo Jesus, o Emmanuel [Deus entre nós], o Verbo que se fez carne, o próprio Deus encarnado, veio como homem. Ele destruiu o templo, rasgando o véu que este possuía ao meio, dizendo que não haveria mais nenhum impedimento para que nós tenhamos acesso a sua presença, desinstituindo toda mediação sacerdotal entre Ele e seus filhos, sendo Cristo o único mediador, o nosso eterno Sumo Sacerdote. Agora está feito! O caminho nos é posto e ele é de Vida!

E você observa que os apóstolos, durante o I século, estavam fazendo segundo as ordens de seu mestre: não tinham um templo para se reunir, se reuníam onde queriam, em casas, nas praças, e até nas sinagogas as vezes, porém eles não tinham um templo. Eles sabiam que o templo era cada um deles! Também não possuíam uma hierarquia sacerdotal, cada crente era uma parte funcional do Corpo de Cristo, que é a Igreja. Você vê isso nas cartas de Paulo quando ele dá direções sobre como cada um deve respeitar a ordem para que o as reuniões não virassem "bagunça". Poxa, se havia essa preocupação era porque todos eram participantes ativos, cada um com sua parte, segundo os dons que Deus os dera. Vide 1Co:14-15

Agora vejamos nossa situação! fizemos tudo que não era para ser feito!! Temos nossos templos e o cultuamos, achamos que estando lá, "entramos na presença de Deus". Associamos a frequência no templo à salvação. Se você não, experimente ficar 3 domingos sem ir e veja se [até mesmo antes] você não verá um amigo preocupado, com medo de você ter "desviado". Ou se não, ouça os comentários sobre aquele(a) irmão(ã) que não tem uma frequência regular na igreja. E temos os pastores, que na prática, ocupam um lugar inexistente: os responsáveis pelo crescimento espiritual do rebanho. Crescimento esse que só é mesmo real com um encontro Real com Cristo, pela Graça! E não por acúmulo de sermões.

E admito, não tenho coragem para assumir as consequências de minhas idéias. Quem as ouve, pensam estar eu louco e riem. E sei que não rirão quando virem que é com lucidez que profiro minhas palavras. Mas ainda não consigo parar de ir ao prédio para cantar e ouvir ao sermão de meu tio pelo mais puro e covarde medo da minha vida virar um inferno de sermões e ameaças ao inferno, como já vem sendo. Na verdade o medo é disso se intensificar. Pode ser também que meu medo me paralise por eu não ter certeza das minhas idéias.

Acho que o mais certo é que não estou ainda amando a Deus. Não estou ainda aperfeiçoado nesse Amor. Como cheguei a essa conclusão? João me convenceu: "No amor não há temor, antes o perfeito amor lança fora o temor; porque o temor tem consigo a pena, e o que teme não é perfeito em amor." 1 Jo 4:18

Como o mártir Estêvão proclamou perante o Sinédrio em Atos 7:51, e Belchior cantou: ainda somos os mesmos e vivemos como nossos pais.


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